quarta-feira, 25 de março de 2009

Youssou N’Dour



Rokku Mi Rokka (Give and Take)
Nonesuch/Warner, 2007

Rokku Mi Rokka, o sucessor de Egypt - uma magnífica celebração da cultura islâmica sufi que valeu a Youssou N'Dour um Grammy em 2004 -, inspira-se nos ritmos e instrumentações do Norte, onde o Senegal faz fronteira com o Mali e a Mauritânia, e isso fez dele, na altura, uma absoluta novidade na discografia do músico, que o apresentou com um orgulho quase agressivo, afirmando: «As raízes musicais de todas as músicas do mundo estão em África.» Não é (inteiramente) verdade, mas em verdadeiro paladino do seu país e do seu continente, o mais célebre músico do Senegal criou em Rokku Mi Rokka (Give and Take) 11 novas canções para contar divertidas histórias do quotidiano, dar lições de moral aos mais jovens ou ainda para provar ao mundo que nem tudo em África é mau. Para levar a cabo tal missão, convocou alguns dos companheiros do (seu) lendário grupo Super Étoile, os cantores Bah Mody e Ousmane Kangue, o maliano Bassekou Kouyaté (que costumava acompanhar Ali Farka Touré), para além do duo Balla Sidibe/Rudy Gomis da Orchestra Baobab e da norte-americana Neneh Cherry, que ajuda a encerrar o disco com um singular hip-hop que não faz esquecer o mais-que-célebre «7 seconds». Mesmo apostado em mostrar como o seu país é rico e diverso musicalmente, e recorrendo sobretudo a instrumentos tradicionais como o ngoni, a tama e a kora, Youssou não hesitou em introduzir, aqui e ali, subtis elementos de country-blues, reggae ou mesmo música caribenha, até porque, como faz questão de sublinhar: «Está na hora de reconhecer o que a África deu ao mundo e de receber alguma coisa em troca.»