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sábado, 21 de fevereiro de 2009

Pascal Comelade




September Song
Swing Slang Song
Les Disques du Soleil et de l‘Acier, 2000 e 1999

A capa de September Song pode induzir em erro, ao anunciar «With Robert Wyatt». Na realidade, o ex-Soft Machine só participa mesmo na primeira faixa, precisamente a canção de Kurt Weil que dá o título ao álbum. Alguns dirão que só essa faixa já justifica a aquisição do CD e não sou eu quem vai discordar. Mas o resto do disco é igualmente interessante, propondo um segundo tema de Wyatt, «Signed Curtain» e um delicioso «Knockin on Heaven‘s Door» de Bob Dylan, a par de várias cançonetas italianas deliciosanmente chungas, como «Come Prima», «24 Mila Baci» ou «L‘Italiano», todas em interpretações minimais e hilariantes. Swing Slang Song, poublicado um ano antes, tem pouco mais de quinze minutos de música, mas é completamente diferente. Aqui o convidado especial é PJ Harvey, que interpreta a abrir «Love Too Soon», já incluído no álbum L‘Argot du Bruit. As sete faixas restantes são todas inéditas e a sua minutagem varia entre 35 segundos (um excerto de «Lonely Woman» de Ornette Coleman) e dois minutos e meio («Featherhead» co-escrita por Pascal Comelade e PJ Harvey). Todos os outros temas, à excepção de «The Letter» de Wayne Carson, são de Pascal Comelade que os interpreta a solo recorrendo ao «re-recording.» Ambos são discos interessantes, mas o melhor Pascal Comelade não mora aqui.

Pascal Comelade



Cent Regards
G3G Records, 2002

Tal como o título sugere, Cent Regards remete para memórias que todos guardamos do cinema, do teatro, do circo e das salas de baile. Acompanhado pela Toy Limited Orchestra (que nome fabuloso!), o autor de L'Argot du Bruit e Traffic d'Abstractions propõe, como frequentemente faz nas suas obras, uma ementa variada composta por composições próprias (valsas, boleros, tangos e algum rock), canções populares tradicionais (nomeadamente da bacia mediterrânica e dos Balcãs) e várias "covers" (a que ele chama "détournements") que transfigura com irreverência e bom gosto: "The way I walk" de J. Scott, "Egyptian reggae" de J. Richman, "Proud Mary" de J. Fogerty, ou "Moulin rouge" de T. Buckley, por exemplo. Cent Regards - não sendo um dos mais famosos é, sem dúvida, um dos melhores trabalhos realizados por Pascal Comelade - saiu pela primeira vez em 1990, ainda em vinil. Aos temas originais, remasterizados para CD, juntaram-se mais tarde alguns novos, compostos para a banda sonora de um documentário sobre o general Ortiz, do grupo anarquista Nosostros. Fortemente recomendado!

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Pascal Comelade



Mètode de Rocanrol
Because, 2008

Mètode de Rocanrol é, segundo o próprio Pascal Comelade, «uma humilde homenagem a uma colecção de livros editados nos anos 60, chamada Marabout Flash», constituída por manuais de instruções que ensinavam a falar português, a educar o cão, ou a fazer cocktails. Não é, portanto, proibido ver neste disco uma obra tipo «faça você mesmo». Tocado essencialmente em instrumentos de brincar (guitarras, pianos, gaitas, tambores e sabe-se lá que mais), parece dizer: «Veja como é fácil fazer música, está ao alcance de qualquer um.» A simplicidade é aparente, claro, e se a receita é sempre a mesma (melodias sedutoras, ritmos variados e arranjos «surrealizantes» para texturas tímbricas que se sobrepõem em camadas), esta colecção inteiramente instrumental de cromos é um vertiginoso caleidoscópio de citações e derivações com base em grande parte da música popular (e/ou erudita de inspiração popular) do século XX. Na verdade, para entrar verdadeiramente neste imaginário tão aliciante quanto lúdico é preciso ser ainda um pouco criança e ter um claro pendor melancólico, para além de sentido de humor.