quarta-feira, 25 de março de 2009

Marisa Monte



Barulhinho Bom
DVD EMI, 2005

Marisa Monte é, muito provavelmente, a figura mais influente da música popular brasileira da sua geração e os Tribalistas apenas vieram confirmar definitivamente esse estatuto ímpar. A sua vida e obra estão bem documentadas em DVD. Em casa, tenho três. O primeiro apanha aquela a que alguns chamam «a namoradinha do Brasil» ao vivo, em Outubro de 1988. Não contém nem uma hora de concerto, mas chega para lembrar como já nessa altura ela era uma intérprete excepcional. O segundo DVD foi gravado três anos mais tarde no Rio de Janeiro e permite avaliar todo o caminho percorrido em termos artísticos. Intercala excertos de um concerto com cenas de rua em Nova Iorque. Há também imagens dum «show-case» com Arto Lindsay na mítica Knitting Factory, onde fica bem patente a cumplicidade entre os dois. Mais adiante inclui um apontamento de reportagem com Sakamoto, que fez um arranjo para «Rosa», de Pixinguinha. O documentário não chega a 40 minutos, mas tem grandes momentos, como quando Marisa interpreta «I Can See Clairly Now», de Johnny Nash, por exemplo. Os extras são valiosos, incluindo outras canções gravadas com Arto Lindsay e um ensaio com os Titãs e Arnaldo Antunes. Isto para já não falar nos «clips» «Diariamente» e «Beija Eu». No fim de contas, o DVD deixa a impressão de uma manta de retalhos, mas dada a qualidade dos «retalhos» ninguém se queixará.
O terceiro e último DVD corresponde ao disco Barulhinho Bom, de 1996, e tem como subtítulo «Uma Viagem Musical». Uma «viagem» partilhada com gente como Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown (muito antes dos Tropicalistas), Paulinho da Viola e a Velha Guarda da Portela, entre outros. É o melhor dos três DVD, sob todos os pontos de vista. Mais uma vez estamos perante um produto híbrido, meio concerto filmado, meio reportagem de bastidores, e uma vez mais o «prato forte» é curto (não chega a 50 minutos). No entanto, os bónus compensam largamente essa falta de generosidade.