domingo, 15 de fevereiro de 2009

Teofilo Chantre



Rodatempo
Lusafrica, 2000

Rodatempo é o terceiro e, talvez, melhor álbum de Teófilo Chantre, um poeta-compositor natural do Mindelo como Cesária Évora, para quem, aliás, já escreveu algumas bonitas canções. Assumindo que os cabo-verdianos espalhados pelo mundo vivem divididos entre dois mundos, aquele onde nasceram e aquele onde têm de viver com a esperança de escapar à miséria, Teófilo Chantre deixa que as suas mornas se impregnem de bossa nova, de jazz e até de sonoridades mediterrânicas para cantar «todas as alegrias e tristezas da alma humana», como ele diz. Uma nova mestiçagem musical, assumida com orgulho por um músico cabo-verdiano atípico que declara não aceitar deixar-se fechar no gueto da música étnica, porque «a morna, considerada como a própria expressão da alma cabo-verdiana, é um género marcado à partida pelo Brasil.» Rodatempo é um disco essencialmente acústico, intimista, onde há lugar para a canção romântica e as divagações nostálgicas, mas também para um pézinho de dança. Cinco estrelas, bem merecidas.