
Révérence
V2, 2007
Gabava-se de ter sido o primeiro roqueiro francês, em 1956 (com a ajuda de Boris Vian e Michel Legrand), e de ter influenciado o nascimento da bossa nova, em 1957 (o que não corresponde de todo à verdade). Mitomanias à parte, Henri Salvador, que morreu em 2008, foi uma das figuras mais incríveis da cena musical francesa. Desde que começou a sua carreira, ainda durante a II Guerra Mundial, fez de tudo: humorista e músico de jazz, actor de cinema e animador de televisão. Durante mais de 50 anos, teve uma carreira irregular e errática, que lhe valeu, no entanto, um grande carinho por parte do público gaulês. No ano 2000, com a ajuda de jovens compositores como Benjamin Biolay e Keren Ann, o crioulo que veio da Guiana Francesa aos 12 anos reinventou-se como "crooner" de enorme sucesso, com Chambre Avec Vue. Aos 90 anos, poucos meses antes de falecer, realizou o sonho de gravar no Rio de Janeiro (com participações de Jaques Morelenbaum, Caetano Veloso e Gilberto Gil, entre outros), Nova Iorque e Paris, um disco delicado e sedutor, onde a canção francesa "tropicalizada" se deixa impregnar langorosamente por tonalidades soul, jazz e bossa nova. Um belo testamento.