sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Paolo Conte



Elegia
Warner, 2004

Elegia, quebrou um silêncio de quase nove anos. Entretanto, Paolo Conte deu-nos um musical, Razmataz, e uma colectânea, Rêveries, mas nenhuma canção original. Valeu a pena esperar: Elegia é não somente um dos seus melhores trabalhos de sempre, mas também, seguramente, o mais confessional e sereno disco da sua já longa carreira (iniciada nos distantes anos 60). Estas (13) canções «impressionistas» e nostálgicas, com títulos tão sugestivos como «Sandwich man», «Bamboolah» ou «Sonno Elefante», assumem - com subtil ironia - o seu carácter anacrónico (quase retrógrado), apoiando-se em ritmos e melodias que remetem para o tango, a rumba e o jazz mais arcaico (aquele que também faz as delícias de Woody Allen há tantos anos). «É assumidamente o disco de alguém que tem consciência de já ter vivido a maior (e melhor?) parte da sua vida, mas que o encara com a serenidade de quem sabe que tirou o melhor partido possível das oportunidades proporcionadas», escreveu alguém. É uma maneira de pôr as coisas. Outra é acrescentar que é também a obra de um «velho lobo dos estúdios» que aprendeu a «embrulhar» as suas reflexões e memórias em letras e melodias tão simples como eficazes, com arranjos sofisticados que tiram o melhor partido da sua voz «ferrugenta» e de uma grande orquestra à antiga.