
Shaman
Sony BMG, 2002
Algumas tribos de África e da Ásia consideram os seus músicos verdadeiros "shamans", feiticeiros capazes de curar doenças e de fazer chover se necessário. Algum poder mágico terá também Santana, para se manter na crista da onda desde o final dos anos 60. Com o seu anterior disco, Supernatural (título que remete para o mesmo tipo de imaginário que a palavra «shaman»), o super-guitarrista revelou-se mesmo um dos grandes campeões de vendas dos nossos tempos (pouco propícios a mega-receitas). Tal como o seu antecessor, Shaman foi pensado ao pormenor para agradar ao maior número de pessoas possível, pelo que há aqui lugar para tudo, das baladas mais enjoativamente românticas que se possa conceber, a rockalhadas incendiárias, passando pelas inevitáveis "batucadas" à la cubana. Os produtores souberam aproveitar inteligentemente os sempre efusivos solos de guitarra de Santana, envolvendo-os em arranjos sedosos, por vezes instrumentalmente complexos, com a força de verdadeiras sinfonias electro-acústicas, onde as vozes convidadas - Dido, Michelle Branch e... Placido Domingo! - têm algum protagonismo. Belas vozes soul, melodias envolventes, endiabrados ritmos latinos, guitarras em delírio e eficientes secções de metais ou de cordas: a receita não tem nada de inovador - e muito menos de mágico - mas a sua capacidade para induzir o transe é inquestionável. Shaman revela-se o seu disco mais comercial de sempre (o que não é dizer pouco).