
Border/La Linea
Narada, 2001
Filha de uma índia mexicana e de um pai anglo-americano, Lila Downs nasceu em Oaxaca, mas cresceu e formou-se (em etnomusicologia) no Minnesota, nos Estados Unidos. É óbvio, porém, que ela se sente actualmente mais mexicana do que americana. O seu visual lembra irresistivelmente o de Frida Khalo, enquanto a sua forma de cantar evoca, não poucas vezes, a grande Chavela Vargas. Para além de recorrer a instrumentos tradicionais mexicanos e colombianos, Lila Downs envolve textos fortes de arranjos complexos e texturas vanguardistas, onde sonoridades «tex-mex» se deixam impregnar de influências cubanas e atmosferas «jazzy», quase sempre com arranjos arrojados e surpreendentes. Como o título deixa entender, Border (ou La Línea, como o disco se intitula na versão hispanizante), é uma homenagem a esses muitos milhares de mexicanos que sonham em atravessar a fronteira para o El Dorado, perecendo muitas vezes nessa tentativa. Razão pela qual Lila Downs convocou espíritos ancestrais e músicos excelentes para a ajudar a cantar a sua revolta perante a injustiça social e o racismo, onde quer que existam. Dramático e comovente, Border/La Linea está, na fronteira do sublime.