
At Carnegie Hall
Tommy Boy, 2006
Haverá quem não conheça ainda Chavela Vargas? Infelizmente parece que sim, mesmo se alguns dos que pensam não a conhecer já a ouviram sem saber, em bandas sonoras de filmes de Pedro Almodóvar (Kika e Saltos Altos, nomeadamente). De resto, foi graças a esses filmes, mas também ao Frida de Julie Taymor - onde ela aparece cantando o celebérrimo «La Llorona» - que ela saiu do seu retiro para dar (aos 84 anos) mais alguns concertos fora do México, como este, gravado no lendário Carnegie Hall de Nova Iorque, em 2003. Apenas acompanhada por duas guitarras, Isabel Vargas Lizano (de seu verdadeiro nome) revisita algumas das suas canções mais célebres com uma voz que, mais do que nunca, parece vir já do além. Uma voz de outros tempos, mas intemporal. A voz de uma mulher que viveu intensamente cada segundo da sua vida. Uma voz moldada pelo álcool, o tabaco e muitas noites sem dormir; uma voz, enfim, maior que o mundo, povoada de solidão, sombras e luar, impossível de ouvir sem um nó no estômago. Este At Carnegie Hall talvez não seja o seu melhor álbum - nas Fnac e em alguns hipermercados encontram-se à venda a preços de saldo alguns dos seus discos como Volver, Volver (1996), ou Somos (2004), mas todos os seus discos valem a pena - mas não conheço disco mais belo e pungente no mundo inteiro. Se é verdade que os cisnes cantam quando chega a hora da sua morte, então deverá ser assim.