La Pluie Sans Parapluie
Virgin France, 2010
La Pluie Sans Parapluie é, ao que parece (não me dei ao trabalho de os contar) o 26º álbum da carreira de Françoise Hardy. Nada mau, para uma senhora que gosta de viver afastada do burburinho da fama e da espuma mediática! Na sua singeleza, o título do disco parece evocar o ditado popular «quem anda à chuva molha-se»; uma verdade universal que aqui soa como um convite: ouvi-la é como andar à chuva e ter um prazer imenso nisso. Banhei-me nesta voz, encharquei-me destas palavras e agora acrescento: «je ne vous aime pas», pois o amor é, por excelência, o território do bluf.
Repito: nunca Françoise cantou tão divinamente, ou então fui eu que envelheci bem: ouvindo-a parece-me que o tempo não passou, que estamos ambos, ela e eu, cada vez mais intemporais.Assinadas por Jean-Louis Murat, Arthur H, Calogero e outros compositores porventura menos conhecidos, o novo disco da Hardy (pois alguém duvida que seja uma ‘diva’) não traz nada de muito novo ao mundo, como não deixarão de assinalar os críticos encartados. Ainda bem, afirmo eu, veementemente. Quem gosta dela não está à espera (nem deseja) experimentalismos e inovações, mas sim de canções desta natureza: encantadas e encantadoras, eternas e totais. Dito isto, La Pluie Sans Parapluie é um álbum deliciosamente melancólico, e no entanto já primaveril; quanto mais o ouço, mais perto me sinto do Verão.