Não Muito Distante
Farol, 2007
Co’ As Tamanquinhas do Zeca!
Transformadores, 2007
Teresa Salgueiro com Você e Eu, Maria João com João, Maria de Medeiros com A Little More Blue, são exemplos de cantoras portuguesas que cantam o Brasil. Mas também alguns artistas brasileiros – ainda por cima da novíssima geração – se rendem também aos encantos da música portuguesa. Estou a pensar, nomeadamente, em Mylène com um álbum inteiramente dedicado ao repertório dos Madredeus e nos Couple Coffe, duo constituído por Luanda Cozetti (voz) e Norton Daiello (baixo eléctrico), com um disco dedicado a Zeca Afonso. A boa surpresa é que num caso como no outro, estamos perante duas obras conseguidas que desfazem definitivamente qualquer cepticismo que se pudesse alimentar perante o arrojo das propostas. Myléne, por exemplo, que para além de (excelente) cantora é também pianista e compositora, propõe-nos com Não Muito Distante um belo e fascinante universo musical, entre sonoridades acústicas e electrónicas, onde o fado e o folclore luso encontram a bossa nova e o samba. Com uma abordagem em muitos aspectos similar, os Couple Coffee impregnam as imortais canções de José Afonso de vários ritmos brasileiros, tanto rurais como urbanos, com um sentido de economia e uma riqueza de pormenores notáveis. Cada um à sua maneira, Não Muito Distante e Co’ As Tamanquinhas do Zeca! demonstram que Portugal está cada vez mais próximo do Brasil, celebrando uma língua e um passado comum, rasgando novos e estimulantes horizontes para o futuro. É uma excelente notícia, com efeito. Talvez chegue o dia em que seremos efectivamente (e não apenas no papel) países irmãos, com um genuíno e mútuo interesse pela cultura um do outro. Pelo menos no campo da música, nunca estivemos tão perto.
