sábado, 21 de fevereiro de 2009

Fanfare Ciocárlia



Iag Bari
Piranha, 2001

As fanfarras ciganas do Leste da Europa, e mais particularmente da Roménia, são hoje apreciadas no mundo inteiro, pois toda a gente é sensível à forma como a sua música estonteante consegue transmitir a cultura profunda e a história milenar de um povo, fazendo-nos dançar ainda por cima. A Fanfare Ciocarlia é um desses agrupamentos «incendiários», sem dúvida um dos melhores de todos. A sua fama já transcendeu há muito a pequena aldeia de Zece Prajini, que a viu nascer, e já lhes aconteceu, por exemplo, tocar uma noite numa prestigiada sala de Nova Iorque e dois dias depois voltarem a casa para animar uma festa de casamento - ou de baptizado - numa pequena aldeia junto da fronteira com a Moldávia. Iag Bari («metais em fogo») é um dos melhores e mais inventivos discos do grupo. Para o gravar, convidaram algumas estrelas locais, como o cantor de pop cigano Dan Armeanca, o supertrompetista Costel Vasilesn e uma banda jovem, com muito sucesso na Roménia, os Rom Bengale (para já não falar das vozes búlgaras que também participam numa das faixas). Para além da virtuosidade dos instrumentistas desta fanfarra espectacular - que conseguem tocar a uma velocidade absolutamente alucinante e, por vezes, mais de 12 horas seguidas -, é impossível não ficarmos siderados com a riqueza destas melodias ziguezagueantes. De resto, não foi em vão que estes músicos ouviram jazz, reggae e flamenco. Basta escutarmos surpresas deliciosas como «Moliendo Café» ou um «pastiche» espanhol intitulado «Hora Andaluza» para ficarmos rendidos por completo à genialidade destes sopros, verdadeiramente capazes de derrubar muralhas - como as que encerram preconceitos, por exemplo.