
Leucocyte
Act, 2008
Esbjörn Svensson, que emprestava o seu nome ao trio sueco e.s.t. (sigla em minúsculas de Esbjörn Svensson Trio), faleceu em Junho de 2008 aos 44 anos, quando praticava mergulho em profundidade ao largo de Estocolmo. Pode dizer-se que morreu como fazia música. Só que na sua música, e especialmente nos seus solos, conseguia ir muito mais fundo do que alguma vez foi no mar. Gravado durante uma maratona de improvisações que durou dois dias num estúdio australiano, a meio de uma digressão mundial, este Leucocyte é a prova cabal disso mesmo, sendo o disco mais experimental e inovador que o «power trio» gravou em 15 anos de carreira. Ironicamente, há pelo meio uma faixa intitulada «Jazz» e dois curtos solos de piano que trazem à memória Glenn Gould e Keith Jarrett, mas o verdadeiro «som da surpresa» está na «suite» que dá o título ao disco. Dividida em quatro movimentos intitulados «ab initio», «ad interim» (constítuido por um minuto de silêncio!), «ad mortem» e «ad infinitum», «Leucocyte» tem 27 minutos e é a peça mais radical (e psicadélica) jamais gravada por este trio (para o qual teria de se inventar o termo empatia, caso ele não existisse já). Entre pulsões líricas e explosões libertadoras, Esbjörn Svensson - bem apoiado pelos indispensáveis Dan Berglung e Magnus Östrom – deixou-nos o mais contundente dos testamentos.