
A Gente Ainda Não Sonhou
Sony, 2007
Carlinhos Brown continua a sonhar por nós um mundo melhor e mais musical. Nascido em 1962 no bairro do Candeal em Salvador da Bahia, Carlinhos Brown impôs-se, em 1996, com o seu disco de estreia, Alfagamabetizado. Omelete Man, o CD seguinte, lançado em 1998, limitou-se a confirmar o que toda a gente previra: o percussionista e compositor baiano estava destinado ao sucesso. Tribalistas, realizado em 2002 com Marisa Monte e Arnaldo Antunes, foi a contribuição que faltava para fazer dele uma celebridade internacional. Em 2007, saiu o sexto disco em nome próprio, talvez o mais pessoal e abrangente dos seus trabalhos discográficos. Tendo o amor - todas as formas de amor - como tema principal, a obra é um libelo contra a falta de idealismo que grassa no Mundo. O bahiano é um humanista cujo trabalho de solidariedade social é bem conhecido e este disco assume, muito coerentemente, o papel de um verdadeiro manifesto utópico. Musicalmente, A Gente Ainda Não Sonhou vai bebericar em muitas fontes, do reggae ao funk, passando pelo bolero, a electrónica e a pop mais descarada. Algumas canções evocam os Beatles («O Aroma da Vida», «Loved You Right Away» e «Goodbye Hello»), outras trazem a marca dos Tribalistas («Mande Um Email para Mim», «Everybodygente» e «Página Futuro»), mas todas comprovam que Carlinhos Brown, se bem que profundamente enraizado na música tradicional do seu país e reivindicando bem alto as raízes africanas, é um experimentador insaciável, que não descura nunca o prazer dos ouvintes. A Gente Ainda Não Sonhou é a melhor prova disso mesmo.