
L’Imprudence
Barclay, 2003
A voz é cavernosa, profunda, e as sonoridades quase soturnas. No entanto, as atmosferas sombrias desta «imprudência» discográfica mergulham-nos num encantamento constante, porque a música é sumptuosa e as surpresas constantes. Em 1998, Alain Bashung tinha publicado uma obra-prima, Fantaisie Militaire, que alguma imprensa gaulesa considerou uma «pedra angular do rock francês». Para o seu sucessor, arriscou reinventar-se, e a ousadia voltou a revelar-se compensadora: o novo «opus» é de uma elegância indiscutível. A verdade é que contou com ajudas preciosas: os guitarristas Marc Ribot e Arto Lindsay e o pianista Steve Nieve, por exemplo. Com estes e outros cúmplices, porventura menos famosos, mas não menos criativos, Alain Bashung (que faleceu em Março de 2009, aos 61 anos) logrou encontrar, para as suas letras quase abstractas, sofisticadas texturas sonoras que se revelam absolutamente hipnóticas. «Trés recommandé».