domingo, 17 de maio de 2009
Jeffrey Lewis
Em Are I
Rough Trade, 2009
Jeffrey Lewis nasceu em 1975 e faz banda desenhada para pequenos jornais gratuitos do Lower East Side de Nova Iorque. Aí conta as suas pequenas aventuras quotidianas, a que chama «The Downtown Observer». É também músico e as suas letras, onde explora, com uma lucidez muito ácida, as suas próprias inseguranças e neuroses, já levou alguém a escrever que Jeffrey é «uma mistura de Woody Guthrie com Woody Allen».
Em Are I, o seu quarto álbum, é o mais eclético que jamais publicou. «Slogans», a primeira faixa quase me fez pôr o disco de lado. Demasiado punk rock para o meu gosto. Felizmente «Roll, bus roll», a canção seguinte «agarrou-me» logo com a sua melodia bem catchy. É Jeffrey Lewis no seu melhor, com uma letra bem-humurada que fala da cidade onde vive e dele próprio. A certa altura diz: «I wasn't design to move so fast, i wasn't design to have so must past...». Como podia eu não ficar conquistado?
O álbum está recheado de grandes canções e momentos felizes, com baladas insidiosas como «It’s Not Impossible» ou «Bugs & Flowers». Mas o mais interessante está talvez nas composições mais trabalhadas e ambiciosas, nomeadamente o frenético e empolgante «The Upside-down Cross» (um tema groovy e psicadélico que mistura electrónicas várias, guitarras eléctricas endiabradas e instrumentos acústicos como o piano e o trompete, usados sem moderação) e o exuberante «Mini-theme: Moocher From The Future», espécie de mini-ópera country que faz referência ao 11 de Setembro, com uma orquestração «luxuriante».
Não me custa nada a acreditar que Em Are I venha a ser o disco que vai Jeffrey Lewis conhecido fora dos circuitos restritos da folk alternativa.