quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Seu Jorge



América Brasil
Phantom Sound & Vision, 2007


«Quem tem verdade tem valor», diz Seu Jorge neste disco. O músico tem toda a razão: o que é verdadeiro é imbatível. Essa é, aliás, a razão do seu sucesso: tudo o que Seu Jorge canta e toca cala fundo, porque o faz com paixão e verdade e porque o que tem a dizer diz, da forma mais bonita possível. Jorge Mário da Silva é um daqueles artistas que se quer fazer entender e que procura na música a perfeição da simplicidade. Nada menos. Ele que nasceu numa favela do Rio de Janeiro e trabalha desde os 10 anos, há muito que encontrou o tom certo para o que quer dizer, sem nunca desistir de se aperfeiçoar musicalmente. O novo «opus» do autor de Samba Esporte Fino (2001) e Cru (2004), assume descaradamente um velho fascínio pela música dos Estados Unidos, deixando que o seu samba tão convulsivo como inovador se deixe contaminar, sem falsos pudores, por influências ianques, como a country, o blues, a soul, o funk ou o rock. A esse propósito, o músico carioca fala de «samba blue», designação tão desajustada como outra qualquer para um imaginário muito festivo, mais subversivo do que parece, onde a crítica social e a crónica pessoal se mesclam indissociavelmente.