quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Omara Portuondo



Flor de Amor
Nonesuch, 2004

Omara Portuondo - que belo e acertado nome para uma senhora cuja voz e rosto evocam irresistivelmente um mar sereno e profundo - foi a única mulher de toda a aventura Buena Vista Social Club e nunca alcançou a fama internacional de um Compay Segundo ou de um Ibrahim Ferrer, mesmo se no seu país ela é, há muito, uma diva comparável à nossa Amália Rodrigues. Ouvir Flor de Amor é comprovar como o público europeu anda ligeiramente distraído. Dos Gardenias, o seu álbum anterior já era uma pura delícia, mas este novo opus, apoiando-se num repertório irrepreensível (essencialmente boleros, sons e guarijas) e na nata dos músicos de Havana, leva ainda mais longe o nível de sofisticação da sua arte, feita de sensualidade e emotividade à flor da pele. De Papi Oviedo a Orlando Cachaíto Lopez, foram muitos (e bons) os que fizeram questão em participar na obra-prima, onde figuram ainda «tubarões» como «Anga» Diaz, Manuel Galban, Amadito Valdés, Carlos Emilio, Swami Jr. e até Carlinhos Brown, que faz uma perninha na canção final, cantada em português. Um amor de disco, uma flor para a eternidade.