
Mi Sueño
World Circuit, 2007
Ibrahim Ferrer faleceu no dia 6 de Agosto de 2005. Tinha 78 anos e estava na altura a concretizar um último sonho: gravar um disco inteiro de boleros, escolhidos por ele, interpretados à sua maneira e com músicos da sua inteira confiança: Cachaíto Lopez, Guajiro Mirabal e Manuel Gálban, nomeadamente. Quando a morte o levou tinha ainda três semanas de gravações pela frente, mas conta-se que, no seu leito de morte, Ibrahim pediu encarecidamente que o disco fosse editado tal como estava. Decerto sabia que tinha ali o seu melhor trabalho de sempre, um dos discos mais bonitos que alguma vez se gravaram na ilha dos tesouros musicais que é Cuba. Perdoe-se a fraqueza: a verdade é que o bolero é, com os seus tempos lentos, os seus ritmos dolentes e doces lamentos, o bolero é uma das músicas mais românticas do mundo. Toda a vida, Ibrahim Ferrer ouviu dizer que a sua voz não era suficientemente viril, ora este disco vem provar que para cantar o amor e a dor, mais do que técnica é preciso verdadeira sensibilidade e saber exprimir o que se sente. Entre as muitas pérolas do disco, destaquem-se duas: «Melodia del rio», gravado em 1998 com o pianista Ruben Gonzalez e «Quizas, quizas» em dueto com Omara Portuondo.