
Meu Samba Torto
Biscoito Fino, 2007
Bebel Gilberto, Martinália, Maria Rita e... Clara Moreno. Que têm elas em comum para além de serem brasileiras e cantoras talentosas? Todas cresceram em berços musicais. Filha de Joyce (nome maior da bossa nova), Clara Moreno assina aos 36 anos o seu quarto álbum. Regressa com sons mais acústicos e intimistas do que nos seus opus anteriores e na melhor companhia possível: a da própria mãe, para começar - em cujo universo parece ter querido mergulhar, com a colaboração empenhada do produtor Rodolfo Stroeter e do compositor e guitarrista Celso Fonseca, conhecidos pelo seu "savoir-faire" e bom gosto. Esta assumida opção pela simplicidade, pela essência, em vez dos efeitos especiais gerados em computador, gerou um disco fecundo, onde uma canção imortalizada por Édith Piaf ("Mon Manége à Moi") convive com um "standard" do jazz ("Tenderly") e pérolas da MPB caídas no esquecimento (como "Rosa de Ouro" ou "Se Acaso Você Chegasse"). E mesmo se denota um "feeling" muito anos 60 ("Fui à procura das raízes da bossa e encontrei as minhas", afirma a cantora), de tão torto este samba, suave e alegremente anacrónico, soa a novo, promissor como convém.